Há uma nova tendência, chamada "DevOps", que está a varrer o mundo da TI corporativa e que se está a tornar numa situação de vida ou morte para muitos departamentos de TI.
A palavra comprime os termos "desenvolvimento" (significando escrita de software) e "operações" (significando manutenção de software e toda a tecnologia necessária para o executar).
"DevOps tem a ver com o fazer as coisas mais rapidamente" diz Jim Whitehurst, CEO da Red Hat, à Business Insider. É a versão para o departamento de TI do famoso mantra do Facebook "andar rápido e partir coisas" (“go fast and break stuff”).
Whitehurst é o CEO de uma empresa de software open source, com 7500 empregados, famosa por sua cultura. Ele está a escrever um livro sobre isso para a Harvard Business Review.
Ultimamente, quando viaja pelo mundo a falar com CIOs sobre software e as suas necessidades de infra-estrutura, ele vai ouvindo muitas perguntas sobre como fazer DevOps. Isto porque os departamentos de TI dizem que precisam descobrir como ser mais rápidos, mais baratos e melhores. Se não o fizerem, os funcionários da empresa vão deixar de depender deles. Eles passam a trazer os seus próprios PCs, tablets e smartphones para o trabalho e compram qualquer serviço de cloud que queiram, para realizar as suas tarefas. E o CIO vai ver o seu orçamento cada vez mais desviado para os bolsos de outro gestor.
"Como os fabricantes estavam a lutar pelas suas vidas, nas décadas de 1970 e 1980, os departamentos de TI de hoje vão lutar pela sua sobrevivência", diz Whitehurst.
"Eu estava no telefone com o CIO de uma grande companhia de seguros, há meia hora atrás. A sua questão era que todo o pessoal da empresa pode obter a tecnologia que precisa, fora do departamento de TI e que ele precisava desenvolver capacidade de DevOps para competir com isto".
Os departamentos de TI tradicionais são lentos e metódicos. A regra nº 1 é nunca desligarem os sistemas. Levam meses, até mesmo anos, para a implementação dum novo software, testando tudo com cuidado, muitas vezes gastando milhões no processo.
As DevOps eliminam isto. Ao invés, os departamentos de TI dividem os seus projectos em pequenos componentes separados, que podem ser implementados em pequenas mudanças, todos os dias.
"Você começa com pequenas melhorias, iterativas", diz Whitehurst. "Lança [mudanças] cedo e lança-as muitas vezes. São isto as DevOps. É uma mudança cultural. Reconhece que uma grande mudança é difícil, mas pequenas mudanças são fáceis. Mas uma série de pequenas mudanças somadas, resultam em mudanças maiores".
O lado negativo é que significa que os departamentos de TI vão quebrar as regras estabelecidas. Isso é muito assustador para eles porque, no passado, desligar um sistema significava perder o emprego. Com as DevOps, vão acontecer quebras, mas resolver essas quebras deve ser mais fácil, uma vez que será apenas uma questão de desfazer algumas pequenas mudanças.
E aqui está o pequeno segredo “sujo” sobre as DevOps: apesar dos departamentos de TI irem adquirir novas ferramentas de software para ajudá-los a trabalhar rapidamente dessa nova maneira, não há um “mercado DevOps” de multi-milhões de dólares.
"Não é um mercado. É uma cultura e um processo, da mesma forma que manufactura Kaizen ou lean é um processo. O problema é que os vendedores estão a torná-los num mercado ao dizerem 'Aqui está o meu produto DevOps'. Mas não há nenhum produto DevOps ", diz Whitehurst.
Também há um pequeno segredo limpo sobre as DevOps. Elas contém lições que qualquer gestor pode usar, diz Whitehurst.
"Se fizer uma série de mudanças, vai ter que aceitar algumas falhas ao longo do caminho. Deite forma o planeamento. Tente coisas pequenas e se funcionarem, faça mais delas, se não, faça menos".
O novo livro de Whitehurst, "The Open Organization" estará disponível a 2 de Junho.
Tradução livre do artigo "Red Hat CEO: Today's IT department is in a fight for its life", de Julie Bort para a Business Insider.