Introdução
Nos últimos meses temos assistido a uma proliferação da oferta de monitores e Tvs Ultra HD, mais vulgarmente conhecidas por 4K (já existem resoluções 5K e 8K também). Na última campanha do Natal, foi comum ver vários modelos de diversas marcas em exposição nas grandes superfícies comerciais.
Neste segmento, existem considerações diferentes a levar em conta, quando se trata de adquirir uma TV ou simplesmente um monitor de computador. Mas em qualquer dos casos, apesar de alguma pressão comercial e duma nítida baixa de preços, a grande questão continua a ser: vale apena comprar uma TV ou um monitor 4K?
Neste artigo, vamos dar uma ajuda a responder a esta e mais algumas questões sobre este mundo do Ultra HD.
Conteúdo
Considerações sobre Resolução de Ecrans
Quando se fala em HD, Full HD, Ultra HD, estamos a falar de normas de resolução de ecrans. Mas afinal o que é isso da resolução? E o que devemos levar em conta, relacionado com a resolução?
Para responder a estas questões, temos primeiro que perceber como é formada uma imagem no ecran duma TV ou dum monitor de PC.
A imagem é dividida em linhas verticais e horizontais, que formam uma grelha de pequenos rectângulos, chamados pixéis. Cada pixel tem uma dada cor e tonalidade, que variam, conforme a posição onde se encontram na imagem. Quantas mais linhas verticais e/ou horizontais tiver uma imagem, maior é o número de pixéis que definem essa imagem.
A resolução não é mais do que o número de pixéis distintos que podem ser mostrados em cada dimensão. Normalmente é apresentada como largura x altura (width x height), com as unidades em pixéis. P.ex. 640 x 480 significa 640 pixéis na largura e 480 pixéis na altura (para um total de 640x480=307.200 pixéis).
Mas chega esta resolução, digamos linear, para auferir a qualidade duma imagem ou de um monitor? Não! Devemos levar em linha de conta outros factores.
Para além da quantidade total de pixéis, devemos também levar em linha de conta a área por que esses pixéis se vão distribuir. Estamos então a falar em densidade de pixéis, que costuma ser medida em Pontos Por Polegada (DPI). Quanto maior for o nosso monitor, mais pixéis deverá ter, para manter a mesma densidade. Doutra forma, o tamanho dos pixéis terá que ser maior, para conseguir preencher uma área maior, o que piora a qualidade da imagem.
Neste caso, também devemos levar em linha de conta a distância a que nos encontramos a olhar para o ecran. Quando mais próximos, maior a quantidade de pixéis, para manter a qualidade da imagem. De realçar que é costume estarmos mais próximos do monitor do computadores do que da TV, por isso é normal termos TVs de muito maiores dimensões (36”, 40”,…) que os monitores de computador (15”, 17”) e termos uma percepção de qualidade semelhante para a mesma resolução. Se estivéssemos à mesma distância da TV, que estamos do monitor, a imagem iria parecer-nos de muito pior qualidade.
No caso dos ecrans de TV e monitores de computador, como nos são apresentadas imagens em movimento, também é muito importante a velocidade de actualização de ecran (refresh rate), isto é, quantas vezes por segundo a imagem é actualizada no ecran. Infelizmente, muitas vezes temos ecrans de alta definição, mas com baixas taxas de varrimento (p.ex. 30Hz) o que leva a experiências fracas em termos de visualização de filmes ou de jogos (mínimo 60Hz).
O que é o Ultra HD?
Conforme já foi dito na secção anterior, existem normas para as resoluções dos ecrans. P.ex., uma resolução de 640x480 representa uma imagem com 307.200 pixéis. Mas também podíamos obter este número total de pixéis com imagens de 600x512. O fabrico de ecrans de TV e/ou de monitores obedece a regras de normalização.
O Ultra HD, na realidade, corresponde a dois novos formatos que se irão impor como os mais usados nos próximos anos: O 4K UHD (3840x2160) e o 8K UHD (7680x4320). Existe ainda um formato intermédio, o 5K UHD (5120x2880), usado por alguns fabricantes como a Apple ou a Dell .
Alguns estudos indicam que as novas resoluções de Ultra HD, o 4K e o 8K já terão alcançado o limite máximo de resolução que o olho humano consegue distinguir, principalmente em monitores de menor dimensão.
Mas a grande vantagem destas novas resoluções é que permitem o fabrico de ecrans de maior e maior dimensão, sem perda de qualidade de visualização das imagens exibidas.
Uma listagem das resoluções mais comuns pode ser encontrada aqui.
Então, devo comprar ou não?
Como é habitual, a resposta a esta questão não é simples.
Uma coisa parece óbvia, neste momento, faz mais sentido comprar um monitor 4K do que uma TV 4K. Porquê? Porque a TV necessita de conteúdos (filmes, séries, shows, jogos) e a quantidade de conteúdos 4K disponíveis ainda é extremamente reduzida. Repare que na actual oferta de TV, a esmagadora maioria dos conteúdos de alta definição (mesmo nos canais HD), costumam ser HD normal (1280x720). Nem sequer são Full HD (1920x1280).
No caso dum monitor de computador, apesar da escassez de conteúdos, podemos sempre beneficiar de uma melhor experiência de utilização do PC, em alta resolução.
Mesmo com uma significativa baixa de preço, as TVs e monitores 4K ainda são bastante dispendiosas (as 8K nem se fala). Então a questão mais concreta será esta: será que o benefício compensa o custo?
Bem, se tiver um dinheiro extra para gastar, então pode investir num equipamento 4K, que, com certeza, vai melhorar a sua experiência de utilização do computador (na TV nem tanto), mas os monitores com resoluções um pouco mais baixas continuam a oferecer excelentes prestações, por um preço consideravelmente mais baixo.
Pode também aguardar mais um tempo. Daqui a uns meses, os preços dos equipamentos 4K serão substancialmente mais baixos e é expectável existirem muito mais conteúdos Ultra HD disponíveis.
Referências
- "Should You Buy a 4K Computer Monitor?", de Chris Hoffman para a How-To Geek
- "Preços dos monitores 4K começam a descer", na PplWare no Sapo
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