sábado, 6 de setembro de 2014

Super-Homem vs Batman: a versão Agile

Eu costumava ser o Super-Homem.

Eu podia fazer o que quisesse, e ninguém me dizia que estava errado. E por um bom motivo: geralmente eu NÃO estava errado.

Eu não nasci Super-Homem. Eu trabalhei muito para chegar lá. Eu aprendi muito. Eu liderava pelo exemplo. E quando me tornei na pessoa mais inteligente do sítio, aquele que realmente realiza coisas, eu tornei-me no Super-Homem.

E deixem-me dizer-vos uma coisa, sabia muito bem!

Mas é bom para o negócio?

Todos temos a noção do chamado “factor autocarro” - o número de pessoas que, se for atropelado por um autocarro, pára um projecto. Os Super-Homens tendem a deter o conhecimento que as outras pessoas não têm. Talvez seja ego ou competição, ou talvez seja apenas porque os outros não querem deter esse conhecimento. As pessoas estão seguras de que, se acontecer alguma coisa, o Super-Homem vai aparecer e salvar o dia. Só que às vezes, o Super-Homem não está. E então temos problemas.

 

Mas ainda pode ser pior.

O Super-Homem pode estar errado. E quando o Super-Homem comete um erro, ele pode ser um erro crucial para a organização.

Se o nosso Super-Homem é um arquitecto, e ele tomar uma má decisão de arquitectura para todo o projecto, pode custar milhões. Ou, se ela é uma team-leader e decidir aplicar um novo processo na equipa, um mau processo pode causar à equipa diminuir o ritmo e, por vezes, desagregar-se.

Bendito companheiro, Batman!

Nenhum de nós é à prova de erro. Mesmo se nós próprios ou os outros nos digam o contrário..

O Agile propõe ciclos curtos de feedback. O feedback é um bom começo, mas não é o suficiente.

As pessoas chegam ao trono do Super-Homem devido à sua especialização. Nós tendemos a valorizar a especialização em ambientes baseados em conhecimento. Para conseguirmos discutir alguma coisa com o Super-Homem, precisamos subir suficientemente alto, até ao seu nível, ou pelo menos a um nível em que ele repare em nós e leve a nossa opinião a sério.

Em suma, nós não precisamos do Super-Homem. Precisamos é do Batman e Robin.

Mas isto não é fácil, sob o ponto de vista organizacional. Imagine quanto tempo levou para fazer um super-herói, e trazê-lo para este nível. Agora temos dois?

Isto funciona como em qualquer outro sistema com um único ponto de falha. É pura gestão de risco. Se estiver ciente do risco, então pode agir.

As organizações que gerem bem os seus riscos, não só sabem quem são os seus super-homens, como também colocam pessoas fortes e inteligentes ao lado deles, para incentivar a discussão e para contrariar os seus superpoderes.

O Super-Homem pode não gostar, mas não faz mal. Afinal, você precisa é do Batman.

 

Tradução livre do artigo “Superman vs. Batman: The Agile Version”, de Gil Zilberfeld.

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